Nos últimos anos, o Brasil tem se destacado no cenário mundial no que se refere ao desenvolvimento da indústria da construção sustentável. Esse crescimento se dá muito em função das exigências impostas pela própria sociedade, cada vez mais ciente das necessidades de se buscar produtos e procedimentos que sejam amigáveis ao meio ambiente e, consequentemente, à vida.
De acordo com o Green Building Council Brasil (GBC Brasil), o país ocupa o quarto lugar no ranking mundial de construções sustentáveis, atrás dos Estados Unidos, China e Emirados Árabes, com grandes perspectivas de, no curto prazo, melhorar ainda mais a sua posição.
Para se ter uma ideia, em 2013, os números de edificações certificadas pelo sistema internacional LEED - Leadership in Energy Environmental Design no Brasil, aumentaram 51%. O GBC, organização que concede essa certificação no país, comprovou o aumento, quando chegou à marca de quatro certificações concedidas por mês e dois novos empreendimentos registrados a cada três dias úteis do ano.
O país está atento às tendências globais deste movimento "verde" e tem contado com o suporte de políticas públicas em diferentes esferas de governo. Uma delas é a inserção das edificações "green buildings" em um contexto de planejamento urbano sustentável. Esta tendência, inclusive, foi ponderada por Paul Hawken, autoridade mundial em matéria de desenvolvimento sustentável, durante sua participação na 4ª edição do Green building Brasil em 2013. Na ocasião, Hawken disse que era hora de mudar o conceito do que é arquitetura e entender que o planejamento deve extrapolar as edificações, passando a enxergar as cidades verdes como um todo, e os green buildings como parte desse todo.
Essa tendência se espalha cada vez mais em diversos setores de mercado. Especialmente por incorporadoras, construtoras - que passaram a ofertar - e clientes, que passaram a demandar edificações que comprovam as vantagens e benefícios relacionados, por exemplo, ao respeito às boas práticas no canteiro de obras, a mitigação dos impactos ambientais, eficiência energética, uso racional de água, entre outros. Tais medidas ajudam a fomentar o mercado e, assim, a elevação do padrão técnico do segmento.
Diante da importância de se ampliar os debates e o aprimoramento do conceito verde no planejamento urbano, foi criado o LEED específico para a certificação de bairros. Essa certificação integra princípios de crescimento planejado e inteligente, urbanismo sustentável e edificações verdes, tudo isso por meio de diferentes tipologias de edificações e integração entre os espaços urbanos. Este LEED contempla também o incentivo à utilização do transporte público e a criação de áreas de lazer.
De acordo com o GBC, o Brasil já contabiliza seis projetos de desenvolvimento urbano registrados, dois no Estado de São Paulo e um nos Estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Se somarmos todos os projetos, são mais de 8 milhões de metros quadrados de áreas registradas.
Cada um desses projetos busca colocar em prática conceitos como a priorização ao pedestre, desenvolvimento de edificações de uso misto, senso de comunidade, densidade balanceada, edificações de alta performance, espaços públicos, atrativos e seguros, convivência harmônica com a natureza, conectividade e integração regional.
Os projetos de edificações verdes certificados também levam em consideração as construções feitas próximas aos locais de trabalho. Isso diminui a necessidade do uso de veículos e, consequentemente, reduz as emissões de poluentes, promove a estruturação de ciclovias e calçadas, prioriza o pedestre e estimula o transporte alternativo. Isso sem falar no planejamento da arquitetura paisagística, utilizada como ferramenta para mitigar problemas sociais e aumentar o senso de segurança nos espaços públicos, estimulando a convivência.
Com o intuito de disseminar ainda mais esse conceito pelo país, será realizada em São Paulo/SP a 5º edição do Greenbuilding Brasil - Conferência Internacional e Expo - o principal evento da construção sustentável da América Latina, de 5 a7 de agosto, no Transamérica Expo Center. Na oportunidade, empresas, entidades, profissionais da área e os maiores especialistas deste segmento estarão reunidos para mostrar ao público as novas tecnologias presentes no mercado, e discutir os rumos da construção verde no Brasil e no exterior.
Desta maneira, fica clara a vantagem e os benefícios de se incorporar os conceitos da construção verde, tanto pelo incorporador, comunidade e governantes, todos em prol de um bem em comum: o meio ambiente. E neste caso, vale a lógica de que tudo o que é bom para as pessoas, também é bom para o comércio e para a economia.
Felipe Faria é diretor gerente do Green Building Council Brasil
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Fonte: CBIC
Data Publicação: 07.07.2014
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