Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do
Distrito Federal (Sinduscon-DF)
Pesquisa realizada pela Booz & Company, por iniciativa da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), da Associação Brasileira
de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e do Movimento Brasil Competitivo
(MBC), chegou a uma conclusão impressionante: a de que a burocracia pode aumentar
em até 12% o custo do imóvel no Brasil.
Esse percentual representa, segundo a pesquisa, cerca de R$ 18
bilhões por ano, se considerarmos os financiamentos com recursos do FGTS e da
caderneta de poupança, com base na média de unidades novas entregues anualmente.
O custo absurdo onera toda a cadeia produtiva do setor e é pago pela sociedade
brasileira.
A burocracia aumenta, também, o prazo de entrega da casa própria.
No caso dos imóveis financiados pelo FGTS, que levam até cinco anos para serem
entregues, estima-se que pelo menos dois anos são tomados por dificuldades nos
trâmites. São atrasos na aprovação dos projetos pelos governos, falta de
padronização dos cartórios e falta de clareza na avaliação de licenças
ambientais.
Como resultado do estudo, o setor da construção propõe a redução
dos custos burocráticos por meio de melhores práticas de análise e aprovação de
projetos imobiliários -- entre elas, a informatização dos processos, a
antecipação dos financiamentos e a padronização das legislações federais,
estaduais e municipais. Tais medidas reduziriam pela metade, de 60 para 32
meses, o prazo médio de entrega dos imóveis ao consumidor.
A demora na aprovação de projetos e na retirada de habite-se é
fator de preocupação, também, para os empresários da construção civil do DF.
Levantamento da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-DF) mostra
que existem hoje, sob análise do GDF e das administrações regionais, cerca de
190 projetos de obras, num total de 4 milhões de metros quadrados de áreas a
serem construídas. Quando saírem do papel, esses projetos podem gerar cerca de
R$ 2,3 bilhões em impostos, além de 50 mil empregos diretos e 200 mil
indiretos.
São situações que nos levam a um estado de dúvida e letargia. Vale
a pena investir em projetos imobiliários de porte, sem a certeza de poder
entregá-los, dentro de um prazo predeterminado, ao consumidor final? Parece
justo arcar com multas contratuais por atrasos que não foram causados pelo
construtor ou incorporador?
Por tudo isso, o tema burocracia tem sido colocado, de forma
recorrente, em nossos encontros com o governador Agnelo Queiroz e seus
principais assessores. Sensível às reivindicações do setor, o governador criou
a Diretoria de Análise e Aprovação de Projetos (Diaap), órgão ligado à Casa
Civil do GDF, que já contribui para minimizar o problema.
Em seminário que realizamos no auditório do Sindicato da Indústria
da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), com o apoio da
Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF),
da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e do Correio
Braziliense, tivemos a oportunidade de discutir mais a fundo "o custo da
burocracia no imóvel". Na oportunidade, surgiram propostas para que o
modelo da Diaap, hoje reforçada pelo trabalho da Força-Tarefa para Análise de
Projetos de Edificação (Ftape), seja aperfeiçoado.
Mas o ideal seria fortalecer os quadros técnicos das
administrações regionais com profissionais qualificados e bem remunerados, em
condições de decidir, com rapidez e eficiência, sobre os projetos de construção
e habite-se em cada cidade do DF. Esse reforço é necessário para que possamos
empreender com mais segurança. Precisamos voltar à Brasília de anos atrás, em
que os empresários da construção civil conseguiam comprar o terreno, construir
o imóvel e comercializá-lo em 24 meses.
Sabemos que ainda há muito que fazer para que possamos chegar a
esse modelo, mas devemos fixar uma meta e procurar atingi-la. Outras capitais
já realizam experiências pontuais de desburocratização na análise de projetos
imobiliários. Caso do Rio de Janeiro, por exemplo, para acelerar as obras de
preparação para a Copa do Mundo e as Olimpíadas; e de Curitiba, que já aprova
projetos em apenas dois meses, segundo os parâmetros de construção.
Aqui no DF, devemos levar em conta que a Diretoria de Análise e
Aprovação de Projeto (Diaap) tem caráter provisório, ou seja, veio para atender
a uma situação de emergência, e suas atividades se encerram em 31 de dezembro.
A partir de janeiro de 2015, e até que o governo eleito tenha tempo para
reestruturar os quadros técnicos das administrações regionais, sugerimos que a
aprovação dos projetos de construção se concentre na Coordenadoria das Cidades,
órgão ligado à Secretaria de Estado da Casa Civil.
Fonte: CBIC
Data Publicação: 18.08.2014
Data Publicação: 18.08.2014
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