A
expectativa dos consumidores de imóveis em relação à qualidade de uma
edificação ou de um apartamento ou casa sempre estão associadas a uma questão
temporal, expressa pela vida útil. Afinal, de que adianta adquirir um imóvel
que tenha qualidade no momento da entrega, mas que, em pouco tempo, apresente
diversos defeitos? Ou ainda, que exija gastos em manutenção muito acima dos
previstos após poucos anos de uso? Este tema foi objeto de um artigo publicado
em 2012 e agora merece uma nova reflexão em função do
atual momento de mercado imobiliário brasileiro.
Em
julho de 2013, foi publicada a norma NBR 15575, elaborada no âmbito da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), e conhecida como Norma de
Desempenho de Edifícios. Este documento técnico estabeleceu níveis de
desempenho mínimos para as edificações residenciais brasileiras em diversos
quesitos relacionados às necessidades humanas (desempenho acústico, térmico,
lumínico, segurança estrutural etc) e sempre ao longo de uma vida útil mínima
obrigatória. É o primeiro instrumento criado no Brasil que obriga os
incorporadores e construtores e toda a cadeia da construção a conceberem e
executarem empreendimentos que tenham padrões de qualidade obrigatórios e o
potencial de atingir uma vida útil mínima definida em projeto. A publicação da
norma foi bastante divulgada pela mídia e percebida por todo o setor como um
importante marco regulatório e um divisor de águas na construção civil.
A
obtenção da vida útil é uma tarefa complexa e significa um novo modelo mental
de projeto e concepção de empreendimentos que envolve toda a cadeia produtiva
da construção. A criação de um banco de dados público com desempenho e
durabilidade de materiais e sistemas construtivos, a capacitação de projetistas
e profissionais para conceber produtos para o desempenho, a utilização do BIM
(Building Information Modeling) para modelar e simular desempenho, a realização
de ensaios de envelhecimento precoce, entre outras são algumas das ações que
estão sendo realizadas por empresas, setores do governo e entidades de classe
neste momento para viabilizar o atendimento integral da norma.
O
Secovi-SP, em conjunto com a Universidade de São Paulo, vai sediar de 3 a 5 de setembro,
em São Paulo, o evento DBMC (Durability in Building, Materials and Components),
que reúne os maiores especialistas mundiais em vida útil e durabilidade de
construções, com o objetivo de contribuir para este processo de
aprendizado tão importante para o país. A chamada do evento ilustra bem a
importância do tema: “Qualquer estimativa de perdas econômicas resultantes de
falhas na durabilidade das edificações leva inevitavelmente a valores tão
astronomicamente altos que normalmente são encaradas com incredulidade”. Além
dos aspectos econômicos, a vida útil maior é essencial para a construção
sustentável, pois quanto mais tempo dura um imóvel, mais tempo se leva para se
retirar materiais da natureza. A informação clara sobre a vida útil também será
um poderoso instrumento para o consumidor de imóvel aferir a qualidade do
imóvel que vai adquirir. Construir não significa terminar algo, mas, sim,
iniciá-lo.
Autor: Carlos Alberto de Moraes Borges, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Secovi-SP
Fonte: Secovi SP
Públicado em: 01/09/2014
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